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"A minha escrita permeia sentidos românticos,
restaura a solitude e acolhe a beleza da vida
para ser-te Poesia."
Marli Franco

O Espantalho
Lua, que abusa e usa de todos os versos e prosas para se dar ao luxo de apenas ser citada já que é impossível olhar o céu e não buscá-la.
Conto * O Olhar e a Sala-- -Capítulo IX - Veredicto Final
O Olhar e a Sala
Capítulo IX - Veredicto
Final
A sala foi surpreendida em uma manhã ensolarada
daquelas que o vento chega fazendo festa nas rodas da cortina, algo prometia
logo mais, com certeza...
Era o Invasor apressando o passo no corredor e
entrando na sala agitado com seu laptop escorregando sobre a mesa, sua pasta e
seus muitos papéis de catedrático.
O peito arfava com algo em seu íntimo que acusava
alguma decisão estava acertada. Ajeitou a cadeira, foi até a janela só para se
acalmar, pois seu interior explodia...Ela a Íris o tinha levado à loucura com
sua ausência proposital, com seus passos leves voltando no corredor; com suas
indecisões cada vez mais temerosas, fazendo –o voltar às viagens coberto com o
manto que ela usava de dúvidas; fazendo-o perder o gosto pela aventura, já que
seu pensamento parecia colado ao seu nome.
Mas agora o limite tinha chegado...A decisão estava
tomada e não era mais dela era só dele. tempo havia determinado o desfecho que
ele queria, tinha sido seu copiloto nas artimanhas da vida.
Era só aguardar a chegada da Íris, pois ela viria,
sentia dentro de si sua aproximação e tudo seria cobrado com juros acumulados,
nesta ausência que o deixara com os nervos à flor da pele, a saudade queimando
dentro de si e seu coração se rendendo em todas as lembranças dos encantos de
um beijo, tudo seria cobrado sem piedade...
A sala tudo observava, sentia na mesa a fúria no
teclado se agitando sob os dedos do Invasor, a prosa pulsava em sua mão e
tomava vida no texto que assumia todas as linhas da estória e a poesia...
Ah! A poesia se aproximava no corredor com a
suavidade e a temeridade de quem sabe que será subjugada, que antes de ser
escutada o Invasor já falaria seu veredicto no desfecho desta estória de apenas
nove capítulos.
E foi com este passo que a Íris abriu a porta
fazendo o Invasor ficar surpreendido apenas em um minuto, com sua imagem e seu
olhar de tom mais acentuado como as águas de um rio que cobria os do Invasor,
tão negros como a noite, tão intensos como os seus mistérios.
Um segundo apenas bastou para a Íris sentir-se
puxada em um abraço inesperado, que em seguida sem uma única palavra foi
raptada por um beijo intenso sem meios ensaios, um beijo que trazia toda
volúpia que a emoção consegue arremessar os amantes em uma entrega total e sem
volta...
Não havia mais nada a fazer, só se render ao
Invasor nesta ânsia e neste desejo abrasador que lhe consumia o ar, não havia
mais volta, a entrega era total seus braços entrelaçados em abraços
apertavam-se concordando com todos os sonhos mais loucos, tornando realidade todas
as esperanças, mostrando que não haveria mais esperas. A decisão era esta, o
jogo terminara sem vencedores apenas com a rendição da paixão de ambos e foi
neste clima que uma única frase foi emitida, apenas para respirar o auge da posse.
Quando o Invasor sussurra:
--Poesia, você é e será, sempre minha...
Então a Íris busca os seus lábios para jogar beijos
de aceitação onde deposita os encantos das suas estrofes sob os lábios em Prosa
do Invasor.
E assim silencia o vento nas rodas da cortina,
aquece o sol pela fresta a sala, enquanto a Prosa e o Poema se amam
intensamente nos quadrantes do tapete, sob o olhar cúmplice da arca que
sorrindo sabe mais uma estória de amor seria fechada e guardada em suas gavetas
no meio dos guardanapos de branco linho.
A Íris e o Invasor se transformam em Prosa e Poema
e caminham sem pressa nos laços de abraços na mesma inspiração que só uma
paixão tem o dom de criar e na escrita perpetuar.
Se o Invasor no início dos capítulos era amante da prosa hoje tem como melodia som da poesia e se a Íris era apenas versos hoje possui descontraída nas mãos as linhas da prosa para navegar além das estrofes.
Invade a prosa no poema
Sem aviso penetra nos versos
Faz acordes de rimas esquecidas
Tece abraços nas janelas dos parágrafos
Entrega-se o texto nas reticências...
Apaixona-se pelo encanto nas entrelinhas
Nas paralelas da liberdade esconde a métrica
Mas não perde a melodia de amar a poesia.
Sem perceber ambos se completam
Nas mesmas linhas, nos mesmos parágrafos.
Juntos possuem os mesmos pontos
Em seus corpos os mesmos sonhos.
Então se encerra uma só conclusão
Na arte da escrita a estrada se veste
Ora de prosa ora de poesia para expandir
A inspiração na arte do amor na criação.
Fim
Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®
Conto * O Olhar e a Sala-Capítulo VIII....Caminhos Incertos
O Olhar e a Sala
Capítulo VIII - Caminhos Incertos
O tempo na sala ficou ausente, tinha parado e tudo
parece que estava estagnado sem a presença dos dois personagens principais que
fazia a sala pulsar.
A vida andava diferente com a presença de ambos, a
sala sentia o palpitar em cada olhar e girava removendo ilusões e sonhos que
faziam até a arca tão silenciosa participar com o abre e fecha das suas gavetas
na marcação de mais uma estória.
O invasor havia resolvido voltar das suas viagens,
era um andarilho nato e a íris poderia fazer sua vida mudar, ele ainda não
queria sentir todo aquele sentimento que tinha vindo pegar seu coração de
surpresa.
A íris por sua vez queria voltar ao seu tempo, sem
nada para perturbar sua vida tão sem movimentos bruscos, queria de volta sua
estabilidade onde seus sentimentos caminhavam sob a luz do passado, o presente
era fictício e o futuro apenas reprise do presente.
O invasor com seu porte e dominante a perturbava em
demasia, subjugava sua vontade e isso seria muito para retirar do seu mundo e
estilhaçar seu coração. O pavor de tanta mudança estava rondando e tudo isso
era assustador.
Se por um lado o invasor era parte fundamental na
sala, por outro o seu recanto sem ele ficava estranho.
A cortina já não brincava com o sol parecia querer
e ser telespectador de uma cena que ainda não acabara. A mesa anfitriã estava
estática esperando a chegada de ambos, pois até o vaso fazia apostas que ambos
teriam que resolver o impasse. O tapete e a arca apenas observavam todas as
apostas, na verdade a arca tinha um palpite, mas não queria fazer nenhum
aparte, pois estórias de paixões assim eram sempre guardadas em suas gavetas.
O dia se findava, mais um dia se passou e a sala
não teve visitantes, estranho que se ouvia passos chegando até a porta...
Parava ... E retrocedia... Se distanciando ao longe...
A arca tinha observado tudo, tinha certeza de que
tanto a íris como o invasor, ambos tentaram voltar para sala, mas algo os
detinha...
Incrível como um beijo pode atingir os amantes, deixando-os
na mais louca indecisão de mudar caminhos e alterar o cotidiano.
A íris com sua poesia e o invasor com suas prosas
ambas envolvidas na mesma linha e ambos tentando fugir das linhas já traçadas
pelo destino.
Existe um tempo que uma prosa pode se transformar
em poesia, mas e uma poesia poderia também se vestir em prosa?
Tudo a arca questionava e muitos detalhes da sala
ela observava, com certeza saberia o desfecho de toda trama, mas estava
silenciosa ainda não era o momento de revelar aos seus ocupantes qual seria o
final...
Mais um final se preparava com certeza, fosse prosar
ou poesia, um final era inevitável para resguardar mais uma vez as letras, nas
gavetas dos seus mistérios mais um romance ali passado...
Clareia o sol carregando meus passos
Lembra teus abraços me buscando
Que se lança em seus lábios sorrindo
Na magia da vida que se pronuncia
O cristal da tua vontade que aguça
No cálice de um desejo impossível
Pedinte de licores de pétalas suaves
A sorver na fragrância de uma fantasia
O elixir do Éden na poesia.
Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®
Conto * O Olhar e a Sala--Capítulo VII... A Fuga
O Olhar e a Sala
Capítulo VII - A Fuga
A sala ainda sente a agitação das emoções da noite
anterior. Apesar de vazia aguardando o regresso dos personagens principais, o
clima ainda tem o aroma do amor.
O dia raiou sonolento, o sol esbanja preguiça na
cortina que desliza nas mãos do vento, um triângulo prefeito.
No corredor lá fora surgem os passos, como sempre
apressados com tempo do refúgio.
A íris adentra na sala e se surpreende com o vazio.
O calor anterior parece que fugiu da sala, junto com o laptop e toda
parafernália do dono. O invasor foi embora, não havia necessidade de palavras,
nenhum bilhete, nada apenas o vazio recheado com o silencio da sala.
A íris toca os lábios, ainda sente o calor do beijo
roubado vindo de um castigo doce e inesquecível. As emoções ainda agitam o
corpo só de lembrar, o invasor fugiu com certeza com medo desta emoção
incrível.
O momento foi intenso, o beijo foi além dos toques
dos lábios, o corpo entrou em um fremir da paixão carregando sonhos, desejos
incontidos, a libido desmedida. Assim o invasor no meio desta confusão de
emoções fugiu...
Com estes pensamentos a íris envolvida pela
quietude da sala se põe a escrever.
A falta do invasor é imensa, resolve ir até a arca
e colocar uma música, sim só desta maneira consegue sentir sua presença. Agora
conseguiria ir voar em suas páginas com o sabor do som que lhe invade a alma.
A sala assiste simplesmente tudo, a mesa sabe como
pulsa as mãos da íris. O tapete sente os pés agitarem-se embaixo da mesa. Sabe
que logo a íris vai voar sem o invasor...
E isso acontece rápido, ela se levanta, pois não aguenta
a ausência da sala, tem que fugir também, pois o coração soluça no desejo não
atendido.
Assim desliga o som e sai da sala deixando a plateia
com a cena pela metade nesta manhã ensolarada...
Marli
Franco
Direitos Autorais Reservados®
Fabela -- O Leão e a Gazela II
Conto * Olhar e a Sala ...CapítuloVI...Sinfonia de um Beijo
Olhar e a Sala
Capítulo VI - Sinfonia de um Beijo
A sala encontrava-se adormecida em uma fresta da lua.
O raio do luar mostrava que as estrelas estavam alertas ao evento que se
preparava para desenrolar.
O silencio era quebrado apenas com alguns passos
ansiosos, as botas faziam ranger o assoalho. Quando a imagem atravessava a luz
da lua, distinguia-se apenas a roupa negra como a noite.
O invasor dono da sala, era quem se agitava na
escuridão, mostrando sua inquietude ao relógio cujos ponteiros alheios andavam
acelerando o tempo.
As horas passavam e seus passos ansiosos, iam e
voltavam conscientes da audácia da íris em seu atraso.
Em um dado momento, ouviu passos suaves que corriam
no corredor lá fora. Nem precisava olhar conhecia bem aquela suavidade que
voava como uma borboleta amedrontada.
O momento de dar a desforra, pelo atraso havia
chegado e a escuridão da sala era propícia ao seu intento.
Esperou estrategicamente a íris chegar bem junto da
porta, como cúmplice tinha o elemento surpresa. Quando ouviu o trinco ceder
chegou o momento exato da sua ação. Abriu a porta rapidamente e agarrou as mãos
pequenas; puxando contra seu peito o corpo leve, levando um choque inesperado
com o toque!
As suas mãos surpreenderam –se com a suavidade,
contornaram a cintura trazendo o corpo mais próximo de si. A luz da lua
brilhava mostrando os fios dourados da veste, véus que davam toda leveza e
sutil transparência...A máscara apenas moldava os olhos destacando as írises
verdes brilhando como um mar agitado. E os lábios vermelhos prontos para beijar
num convite irresistível.
No calor do momento a íris suspensa na escuridão
sentiu quando seus lábios foram tragados em uma onda de paixão. Retribuiu ao
calor com a mesma intensidade, se entregando ao torpor do momento.
As mãos firmes em seu corpo eram como correntes
tornando-a cativa da paixão alucinante. O corpo que a envolvia era como asas de
um falcão que a levava como presa nas alturas da sedução.
E mesmo cativa sentiu, quando seu algoz perdeu a
razão do domínio, se entregou nas imensidões do calor do beijo intenso...
O falcão voava nos véus, roçando as suas mãos na
busca da pele que o perfume lhe inebriava, enquanto o beijo tinha o sabor do
interminável prazer.
O tempo avisou nas badaladas do relógio que o tempo
tinha que ser rompido, prolongar a entrega seria um passeio sem volta. O
invasor sentiu que este seria o momento, de parar ou a necessidade da posse
chegaria ao limiar, do insustentável desejo que alucina o ser...
Era um querer mais e mais, quanto mais sentia o
calor do beijo maior o desejo de completar o sonho. O corpo flamejava, como a
libido fora ativada em tal patamar se tudo tinha sido iniciado apenas como um
castigo pelo atraso. E agora o castigo se invertia, pois desprender-se dos
lábios seria a punição maior do desejo incompleto, o desejo de ficar com a íris
em um tempo interminável nos braços e acalentar todos os sonhos mais loucos num
misto de punição em forma da mais simples consagração.
A íris que se entregou na avidez do invasor, voltou
a si e interrompendo o momento fugindo da sala no meio da escuridão.
O baile terminara antes mesmo de começar a música,
mas a partitura estava escrita com toda nobreza da paixão. A íris tivera o bom senso,
ou apenas confirmara com sua fuga que a punição que ele agora recebia a
ausência do perfume e o sabor do beijo.
A íris voltou a sumir com seus passos agitados no
corredor do mesmo modo que chegara. Só que o coração pulsava descompassado...
E o invasor ficou a olhar as estrelas pela fresta,
numa atitude franca de quem agora tinha uma nova reformulação. Um beijo, um
único beijo colocava em terra sua liberdade e aventura, as viagens estavam
todas jogadas no meio do nada...Cativo de um beijo se tornara...
Fugir ...Precisava fugir, respirar o ar de fora da
sala, já que o perfume da íris ainda estava na sala e o deixava com o coração
palpitando em agonia pela perda, a sede da paixão fora suspensa....
Fugir seria o suficiente para manter sua mente
longe da íris e outros mares acalmariam seu mundo interno.
Como que anotando tudo a sala observava a corrida
do invasor, levando seus pertences assustado em sua maleta clássica...
E assim a lua deixava na sala sua magia inacabada,
como uma brincadeira do universo de mostrar a força dos sentimentos espalhada
em estrelas de emoção aqui na terra....
Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®
Conto * O Olhar e a Sala-Capítulo V --- O Convite
O Olhar e a Sala
Capítulo V - O Convite
A íris saiu em busca do seu refúgio no meio do dia,
quando o sol estava em alta.
Sem pensar fazendo dos passos um voo, para poder
aproveitar mais o tempo. Já que as horas tinham sempre o poder de ser mais
rápidas, deixando apenas frações para suas andanças no meio das letras.
A íris parou diante da porta, ainda fechada,
ajeitou os cabelos para demostrar equilíbrio ou recuperar o mesmo, que longe
estava de sentir. E assim ainda agitada entrou na sala.
O invasor apenas olhou com um sorriso matreiro para
ela e para o relógio mostrando que estava atrasada. Sorriu observando sua calma
aparente.
A íris sentou-se em seu lugar, abriu a gaveta
retirando seus papéis e a caneta, vendo que o tac..tac do pc voava. O seu olhar
dirigiu-se ao invasor que capturou quase engolindo sua audácia. Agitaram-se
mais as águas verdes e isso era impossível de esconder, ele já conhecia todas
suas nuanças.
Silenciosa acabou por se concentrar na sua escrita,
quando um envelope foi enviado deslizando na mesa. Sempre tudo no mais
fantasmagórico silêncio.
Ela sabia que devia pegar, mas ficou como uma
estátua, em um pedaço do tempo apenas para desafiar o invasor incisivo. Que
simplesmente não esperou. Puxou sua mão sem palavra alguma num toque que até
ele sentiu, mas quebrou a magia, colocando a carta na palma da sua mão.
Num gesto rápido e afobado ato o fez ficar sisudo,
o choque do primeiro contato foi eletrizante, e suficiente para o olhar ficar
acinzentado e ganhar o jogo desta vez.
O sorriso desafiava, apesar de meigo mas ciente do
ocorrido as emoções do invasor existiam.
Resolveu não abusar da sorte, abriu a carta e ficou
pasma ao ler. Era nada mais nada menos, que um convite para um baile de
máscaras e seu para seria o invasor!!!
Quem sorriu agora em plena maldade fora ele,
ficando à vontade na cadeira olhava-a sem pressa como um falcão analisando cada
centímetro da sua presa ou seja do seu rosto. O jogo revertera em poucos
segundos o convite aniquilara sua ousadia. Tudo parou até o tempo ao redor.
A sala apenas observava tudo consciente das
emoções, que agora brincavam com seus dois hóspedes.
Há muito tempo que o espaço não sentia tanto
glamour dos sentimentos, reviver estas sensações deixava a sala viva colorida
em sua nobreza.
O sol já nem pensava mais em suas artes com o vento
e a cortina, que passaram também a assistir o novo quadro que se pintava no
local.
A mesa sentia toda vibração das mãos que pousavam
em seu tampo, toques agitados, corridos, ansiosos.
O tapete sentia o compasso da mudança da posição
dos pés, que em harmonia se mexiam em seus espaços em uma dança silenciosa e
harmoniosa.
A arca muda apenas assistia, enquanto o vaso sobre
a mesa sorria antevendo todas as fantasias ali traçadas nas linhas do pc ou nas
linhas do papel que agora mudavam invadindo espaços ora na prosa ora na poesia.
Ainda escondidos o pc se deixava levar pelas mãos da brisa voando em versos enquanto
o vento agitava o papel rodopiando nos caminhos da prosa. Depois quando tudo
serenava os dois hóspedes voltavam a desfilar cada um em sua melodia o invasor
na prosa e o olhar esverdeado na poesia.
O relógio aponta a hora, novamente o tempo fica
curto, os papéis são guardados na gaveta apressadamente, na agitação dos
segundos o convite acaba caindo.
O invasor se coloca obstruindo o caminho, pega o
convite com a caneta assinala o horário mostrando que não admite atrasos.
E tentando mostrar que tem a força, dobra o convite
nas mãos do olhar e as fecha alisando numa atitude de pura audácia prendendo
entre as suas num tempo a mais do relógio.
O toque é suave e aquece ambos que estáticos se
prendem a olhar ambos o envolvimento das mãos.
A íris lança faíscas do mais puro verde, e foge
ainda sentindo a sonora gargalhada da brincadeira ousada do invasor que mais
parece um enigmático falcão.
Longe do poder do invasor o olhar respira
compassadamente, pensando agora como ir neste baile do qual não pode fugir e
como estaria fantasiado o invasor?
Mas tudo isso é algo para pensar em um outro
momento quando o tempo em sua lacuna deixar a íris viajar em mais uma aventura.
Enquanto isso o desfile da prosa e da poesia fica
no ar até o tempo certo aparecer ...
Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®
Conto * O olhar e a sala - Capítulo IV.....O Invasor
O Olhar e a Sala
Capítulo IV.....O
Invasor
A porta da sala está fechada, o olhar costumeiro se
assusta e força o trinco entrando agitadamente.
O assombro ao ver o invasor de costas é assustador.
Como se fosse congelada, o olhar verde acinzentado se veste de um brilho verde
esmeralda tal a sua surpresa e agitação.
O invasor, não se abala com sua entrada, está
plenamente acomodado a sala é seu domínio, o espaço é território altamente
conhecido.
Sua figura aí faz parte tanto quanto as mobílias.
Como um viajante que retorna ao ninho a sala o
acolhe como seu senhor no espaço, sua figura ardente e dominadora.
O olhar esmeralda recompondo-se vistoria a sala e
os detalhes para notar se tudo ainda está presente. Mas apesar de nada faltar,
não está com a mesma composição.
O estilo do invasor tomou posse da sala e ela
permitiu toda a mudança servilmente e ainda regozija com sua presença.
O vento está lá namorando a cortina, o sol lá fora
olhando ciumento sem poder entrar.
A arca está formosa com as gavetas reviradas
sorrindo ao invasor que com suas mãos acariciou seus detalhes.
O tapete continua estagnado sustentando sua musa a
mesa, que no momento só tem olhos para servir ao invasor segurando suas
abusadas irreverências.
O caos está instalado na mesa, o vaso do centro
ficou sufocado fora de foco com a chegada do mais novo inquilino o. Um sujeito
moderno desfocado no contexto da sala. Mas que como seu dono é espaçoso e
arrogante, dominador, como um nobre dos tempos atuais. E todo ambiente fica
relegado como míseros mortais da classe renascentista da sala.
No resto da mesa potes e mais potes de comidas
prontas misturadas aos talheres de prata e copos de cristais criando um choque
espantoso, parecendo tudo aos olhos um campo de batalha entre a renascença e o
modernismo.
O invasor lá apossado ainda tinha todos os
disquetes empilhados ao lado dos potes.
A íris esmeralda se senta bem em frente ao invasor,
olha-o com faíscas de um ícone renascentista e em troca recebe um sorriso audaz
de quem é dono e chegou para brilhar.
A íris pega na gaveta da mesa suas armas a caneta e
seus papéis, sentindo o silencio de outrora tem agora o tac-tac do invasor e
terá que se acostumar a sala já o acolheu.
Envolvida em um impulso, ela levanta-se pega uma
cesta de vime e retira da mesa todos os potes de comida do sorridente
piquenique. Coloca o vaso e a toalha em seus devidos lugares dos quais recebe
um suspiro de alívio. Retira da arca a bandeja de prata, o cálice de água e a
jarra que coloca comportadamente na frente do invasor. Num claro recado que
podia brilhar no espaço, mas sem estardalhaços.
O invasor apenas sorri numa evidente resposta de
que estava consciente de toda agitação que a íris estava sentindo. E com seu
silêncio cheio de palavras continua teclar seu texto vigilante ao respirar da
íris. Ele se posiciona na cadeira demonstrando que quem roubou o refúgio foi
ela e que ele é o senhor da sala.
A íris agita seu brilho, sabe que é verdade; as
cartas encontradas na gaveta da arca eram dele repletas de viagens, amores,
estudos e desamores, reflexões. Ela sabe que tudo ali é conhecimento dele, os
livros dentro do fundo da arca, eram a maior prova com seu nome cravado em
letras douradas.
O invasor assente com suas mãos que ela deve
permanecer e que seu lugar é exatamente aí perto e distante em horizontes na
mesma tábua daquela mesa. As suas mãos não admitem outra posição. Ele a quer
assim silenciosa com sua caneta soando apenas o som da virada das folhas.
A íris sente-se fragilizada, acorrentada a vontade
do invasor, presa nos grilhões do seu sorriso, despida no movimento das suas
mãos audazes. Ela esconde seu brilho de rebeldia abaixando as pálpebras,
transporta-se ao papel em uma enxurrada de palavras. O invasor desata em uma
sonora gargalhada de vencedor na batalha calada ali travada, entre ele e a íris
esverdeada que tanto o instiga.
Ela o olha, brilha em raios verdes de quem se
submete no momento instalado, mas agirá dentro das asas da sua liberdade ainda
que sejas pequena perante o forte invasor.
O vento se agita na cortina avisando que a hora da
lua está chegando, tem que se despedir da sua amada. O invasor afasta a cadeira
e com passos firmes vai até a janela fechando sem perceber as nuanças ali
vividas.
A sala entra na penumbra, o invasor conhecedor do
espaço acende a luz dos candelabros e liberta seu sorriso mostrando que vai
abrir a caixa de vime.
A íris reage lançando seu brilho na jarra d’água.
Ele fecha o sorriso e aceita sua vontade. Vai na arca e abre uma das portas
aciona o aparelho de som inundando a sala com uma música de final de tarde.
A íris brilha aprovando e volta mergulhar em sua
folha. O invasor se aquieta e se senta em seu posto de volta, ao tac-tac do seu
teclado.
A íris já mergulhada no ardor da sua fantasia, sabe
que o invasor acompanha suas delicadas linhas.
O invasor é altamente encantador, dono de uma
inteligência magnifica e consegue atingi-la no seu ponto mais vulnerável.
Mostrando o seu domínio faceiro conquistando-a com
as terras riquíssimas do seu texto.
A ela só resta no momento se soltar nas linhas da sua poesia:
A sala honra o invasor
Nas paredes dos papeis viajados
Desvendando os mapas secretos da íris
Perfumes de outrora confinados
No meio de ardentes versos.
O vento dança na cortina da ilusão
Nas mãos do invasor competente
Jogada de um olhar a cintilante íris
Desnudada de suas frágeis letras
Em entregas de flamejantes das quimeras.
A arca conjuga a inspiração do invasor
Nas palavras que nascem como estrelas
Descobre na íris os desejos que o invade
Arfando em beijos emoldurados
Nos braços que se fecham vorazes.
O tapete transporta a recente ilusão
Solicita no encanto de cada verso
As caricias unindo em uma só paixão
Uma só poesia vivida na prosa
As viagens das linhas em ebulição.
Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®