"A minha escrita permeia sentidos românticos,

restaura a solitude e acolhe a beleza da vida

para ser-te Poesia."

Marli Franco


Jornada Das Noites Esquecidas


 


Jornada

Das Noites Esquecidas

 

No acaso dos dias quando o sol ainda vaga perambulando no céu escolhendo as nuvens, revejo as minhas escrituras esquecidas ao longo do tempo.

O meu olhar de mãos dadas ao meu coração revê as papeladas, por onde meus pés vagaram no aprendizado incansável das noites esquecidas.

Revejo as escrituras amareladas pelo tempo, o pó marcando as linhas e a caligrafia dançando sob meus olhos brilhando. Um aviso vejo nas linhas com misericórdia, tenho ali a sabedoria necessária para levar na estrada que se descortina.

Impressiona-me a própria jornada as folhas amareladas lembram a cor do outono, ainda que lá fora seja presente e o sol corre solto neste inverno alto, o passado hoje me faz rir das aulas aprendidas tão necessárias no agora.

O dia se solta já encolhendo nas quenturas do sol as horas são rápidas folheando o passado nas escrituras. A noite chega surpreendendo, anotei tal qual anoitece os meus alicerces para reutilizar neste agora e facilitar a jornada.

Adicionei os mesmos salmos da leitura maior, a sabedoria do livro da cabeceira é preciosa o espírito flui na minha alma. Eu descubro novamente como estarei vestida e calçada, bem como o que levar na minha bolsa.

No final da jornada deve valer o aprendizado difícil e a lição novamente revisada.

Coloco as estrelas no casaco a lua ilumina meu livro e volto meu olhar na estrada, serena sigo em frente de mãos dadas com minha alma.

 

Marli Franco

Direitos Autorais Reservados®


Leopardo – Usina de Letras


 

Leopardo

– Usina de Letras * 18/09/2003

 

Leopardo me tem como presa
Na mira de um olhar enfeitiçado
Saliva no perfume dos meus seios
Encurralando-me nos teus anseios.



No fetiche jade do meu olhar
Raspa com tuas garras, rasga meu véu.
Desnudando meu ventre em teus lábios
Tomando meu mistério como troféu.



Sedento com teu domínio implacável
Soluço teu nome entre beijos
Quando ardente me ergues do solo
Sugando minha volúpia em festejos.



Com a lua fora do covil
Fazendo sombra no ritmo ardil
Arrebata-me em ardente paixão
Triunfante captura da confissão.



Quando da caça não pode desvencilhar
O astuto caçador descobre-se preso
Ao perfume da pele que o conquistou
E dela já não mais se livrou.

 

Marli Franco

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O Filme – Arquivo da Usina de Letras

 


O Filme –

Arquivo da Usina de Letras

03/03/2002 - 22:57

 

Na terra árida trincada
Dos caminhos íngremes
O rei Sol queima o verde
O horizonte é ponto perdido
Nos troncos secos do cenário inóspito.



O calor do solo assemelha-se aos espinhos
A sede nas folhas é como as celas fechadas
Na falta do vento o calor aperta como máscaras
Que inflam nas rugas do rosto como labaredas.



O casebre de uma janela assiste
Devassidão que espalha sem piedade
Na porta sentado o homem desalentado
Olha o cachorro amigo companheiro do desatino.



Os pés calejados e rachados marcam o sangue
Da sandália que arrasta o próprio corpo
As mãos fracas dividem a gota d’água
Com o sobrevivente amigo do dia
O pobre cachorro de pele e osso
Reparte o destino junto de barriga vazia.



As cidades cheias de luzes observam
Nas telas as roupas sujas e a boca desdentada
Na outra ponta do mundo desumano
O filme mais uma vez ganha o troféu
Aplaude a desgraça, roteiro que nunca se desfaz.

 

Marli Franco

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Águas das Pétalas - Usina de Letras *




 

Águas das Pétalas

Usina de Letras * 12/02/2003

 

Águas espalham-se como tempestades
Em teu rio deságua o curso natural
Que indica o caudaloso desejo imerso
Na foz interna do fascínio fecundo.



Corrente de águas doces faceiras
Revolvem os sonhos nos murmúrios
Infiltram nas margens virgens do silêncio
Entre beijos silvestres e lascivos das saudades.



Na tua superfície tranquila corre livre
A suavidade translúcida das águas verdes
Confabulando entre gemidos flamejantes
A pureza das quedas fluviais da fantasia.



O vento afaga a liberdade da natureza
A nudez do rio das pétalas ardentes
Alisadas sob as pontes das estrelas
Profundezas da lua marcadas nas enchentes.



No espelho das tuas águas escoam
Gota a gota na boca da tua nascente
Amor fluente navegante da inspiração
Momento supremo da vertente de uma paixão.

 

Marli Franco

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