Mira à Distância
Mira nos olhos dos dias hibernais
Que verdejam sonhos sem
ilusões
De um jeito que brinca sem pretensões
Como as belas manhas
invernais.
Mira nas cercanias da íris do
entardecer
No círculo lilás do
crepúsculo em seu lume
Onde a vida faceira se
multiplica em perfume
A saudade cai nos versos ao reverdecer.
Quando o destino revelar a
paragem
Os sonhos que na realidade abraçaria
Tal qual borboletas reluzentes,
sorria
Na poesia verás o Amor na miragem.
A poesia que da alma escapou
intangível
E apenas pousou no teu olhar
inesquecível.
Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®
Reflexão da
autora:
Este poema nasceu de um olhar lançado ao longe — um gesto
íntimo entre o que se sonha e o que se sente. Escrevê-lo foi como conversar com
o que vivi: os sonhos, a saudade, o amor que escapa e retorna em forma de
palavra.
A distância, para mim, não é ausência — é onde o invisível se revela.
Nem tudo precisa ser tocado para ser sentido… às vezes, a lembrança já basta.
Na poesia, como no amor, a beleza também mora na miragem: aquilo que não se
explica, mas que insiste em habitar os olhos, os versos e a alma.
— Marli Franco