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"A minha escrita permeia sentidos românticos,
restaura a solitude e acolhe a beleza da vida
para ser-te Poesia."
Marli Franco

Fabela -- O Leão e a Gazela II
Conto * Olhar e a Sala ...CapítuloVI...Sinfonia de um Beijo
Olhar e a Sala
Capítulo VI - Sinfonia de um Beijo
A sala encontrava-se adormecida em uma fresta da lua.
O raio do luar mostrava que as estrelas estavam alertas ao evento que se
preparava para desenrolar.
O silencio era quebrado apenas com alguns passos
ansiosos, as botas faziam ranger o assoalho. Quando a imagem atravessava a luz
da lua, distinguia-se apenas a roupa negra como a noite.
O invasor dono da sala, era quem se agitava na
escuridão, mostrando sua inquietude ao relógio cujos ponteiros alheios andavam
acelerando o tempo.
As horas passavam e seus passos ansiosos, iam e
voltavam conscientes da audácia da íris em seu atraso.
Em um dado momento, ouviu passos suaves que corriam
no corredor lá fora. Nem precisava olhar conhecia bem aquela suavidade que
voava como uma borboleta amedrontada.
O momento de dar a desforra, pelo atraso havia
chegado e a escuridão da sala era propícia ao seu intento.
Esperou estrategicamente a íris chegar bem junto da
porta, como cúmplice tinha o elemento surpresa. Quando ouviu o trinco ceder
chegou o momento exato da sua ação. Abriu a porta rapidamente e agarrou as mãos
pequenas; puxando contra seu peito o corpo leve, levando um choque inesperado
com o toque!
As suas mãos surpreenderam –se com a suavidade,
contornaram a cintura trazendo o corpo mais próximo de si. A luz da lua
brilhava mostrando os fios dourados da veste, véus que davam toda leveza e
sutil transparência...A máscara apenas moldava os olhos destacando as írises
verdes brilhando como um mar agitado. E os lábios vermelhos prontos para beijar
num convite irresistível.
No calor do momento a íris suspensa na escuridão
sentiu quando seus lábios foram tragados em uma onda de paixão. Retribuiu ao
calor com a mesma intensidade, se entregando ao torpor do momento.
As mãos firmes em seu corpo eram como correntes
tornando-a cativa da paixão alucinante. O corpo que a envolvia era como asas de
um falcão que a levava como presa nas alturas da sedução.
E mesmo cativa sentiu, quando seu algoz perdeu a
razão do domínio, se entregou nas imensidões do calor do beijo intenso...
O falcão voava nos véus, roçando as suas mãos na
busca da pele que o perfume lhe inebriava, enquanto o beijo tinha o sabor do
interminável prazer.
O tempo avisou nas badaladas do relógio que o tempo
tinha que ser rompido, prolongar a entrega seria um passeio sem volta. O
invasor sentiu que este seria o momento, de parar ou a necessidade da posse
chegaria ao limiar, do insustentável desejo que alucina o ser...
Era um querer mais e mais, quanto mais sentia o
calor do beijo maior o desejo de completar o sonho. O corpo flamejava, como a
libido fora ativada em tal patamar se tudo tinha sido iniciado apenas como um
castigo pelo atraso. E agora o castigo se invertia, pois desprender-se dos
lábios seria a punição maior do desejo incompleto, o desejo de ficar com a íris
em um tempo interminável nos braços e acalentar todos os sonhos mais loucos num
misto de punição em forma da mais simples consagração.
A íris que se entregou na avidez do invasor, voltou
a si e interrompendo o momento fugindo da sala no meio da escuridão.
O baile terminara antes mesmo de começar a música,
mas a partitura estava escrita com toda nobreza da paixão. A íris tivera o bom senso,
ou apenas confirmara com sua fuga que a punição que ele agora recebia a
ausência do perfume e o sabor do beijo.
A íris voltou a sumir com seus passos agitados no
corredor do mesmo modo que chegara. Só que o coração pulsava descompassado...
E o invasor ficou a olhar as estrelas pela fresta,
numa atitude franca de quem agora tinha uma nova reformulação. Um beijo, um
único beijo colocava em terra sua liberdade e aventura, as viagens estavam
todas jogadas no meio do nada...Cativo de um beijo se tornara...
Fugir ...Precisava fugir, respirar o ar de fora da
sala, já que o perfume da íris ainda estava na sala e o deixava com o coração
palpitando em agonia pela perda, a sede da paixão fora suspensa....
Fugir seria o suficiente para manter sua mente
longe da íris e outros mares acalmariam seu mundo interno.
Como que anotando tudo a sala observava a corrida
do invasor, levando seus pertences assustado em sua maleta clássica...
E assim a lua deixava na sala sua magia inacabada,
como uma brincadeira do universo de mostrar a força dos sentimentos espalhada
em estrelas de emoção aqui na terra....
Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®
Conto * O Olhar e a Sala-Capítulo V --- O Convite
O Olhar e a Sala
Capítulo V - O Convite
A íris saiu em busca do seu refúgio no meio do dia,
quando o sol estava em alta.
Sem pensar fazendo dos passos um voo, para poder
aproveitar mais o tempo. Já que as horas tinham sempre o poder de ser mais
rápidas, deixando apenas frações para suas andanças no meio das letras.
A íris parou diante da porta, ainda fechada,
ajeitou os cabelos para demostrar equilíbrio ou recuperar o mesmo, que longe
estava de sentir. E assim ainda agitada entrou na sala.
O invasor apenas olhou com um sorriso matreiro para
ela e para o relógio mostrando que estava atrasada. Sorriu observando sua calma
aparente.
A íris sentou-se em seu lugar, abriu a gaveta
retirando seus papéis e a caneta, vendo que o tac..tac do pc voava. O seu olhar
dirigiu-se ao invasor que capturou quase engolindo sua audácia. Agitaram-se
mais as águas verdes e isso era impossível de esconder, ele já conhecia todas
suas nuanças.
Silenciosa acabou por se concentrar na sua escrita,
quando um envelope foi enviado deslizando na mesa. Sempre tudo no mais
fantasmagórico silêncio.
Ela sabia que devia pegar, mas ficou como uma
estátua, em um pedaço do tempo apenas para desafiar o invasor incisivo. Que
simplesmente não esperou. Puxou sua mão sem palavra alguma num toque que até
ele sentiu, mas quebrou a magia, colocando a carta na palma da sua mão.
Num gesto rápido e afobado ato o fez ficar sisudo,
o choque do primeiro contato foi eletrizante, e suficiente para o olhar ficar
acinzentado e ganhar o jogo desta vez.
O sorriso desafiava, apesar de meigo mas ciente do
ocorrido as emoções do invasor existiam.
Resolveu não abusar da sorte, abriu a carta e ficou
pasma ao ler. Era nada mais nada menos, que um convite para um baile de
máscaras e seu para seria o invasor!!!
Quem sorriu agora em plena maldade fora ele,
ficando à vontade na cadeira olhava-a sem pressa como um falcão analisando cada
centímetro da sua presa ou seja do seu rosto. O jogo revertera em poucos
segundos o convite aniquilara sua ousadia. Tudo parou até o tempo ao redor.
A sala apenas observava tudo consciente das
emoções, que agora brincavam com seus dois hóspedes.
Há muito tempo que o espaço não sentia tanto
glamour dos sentimentos, reviver estas sensações deixava a sala viva colorida
em sua nobreza.
O sol já nem pensava mais em suas artes com o vento
e a cortina, que passaram também a assistir o novo quadro que se pintava no
local.
A mesa sentia toda vibração das mãos que pousavam
em seu tampo, toques agitados, corridos, ansiosos.
O tapete sentia o compasso da mudança da posição
dos pés, que em harmonia se mexiam em seus espaços em uma dança silenciosa e
harmoniosa.
A arca muda apenas assistia, enquanto o vaso sobre
a mesa sorria antevendo todas as fantasias ali traçadas nas linhas do pc ou nas
linhas do papel que agora mudavam invadindo espaços ora na prosa ora na poesia.
Ainda escondidos o pc se deixava levar pelas mãos da brisa voando em versos enquanto
o vento agitava o papel rodopiando nos caminhos da prosa. Depois quando tudo
serenava os dois hóspedes voltavam a desfilar cada um em sua melodia o invasor
na prosa e o olhar esverdeado na poesia.
O relógio aponta a hora, novamente o tempo fica
curto, os papéis são guardados na gaveta apressadamente, na agitação dos
segundos o convite acaba caindo.
O invasor se coloca obstruindo o caminho, pega o
convite com a caneta assinala o horário mostrando que não admite atrasos.
E tentando mostrar que tem a força, dobra o convite
nas mãos do olhar e as fecha alisando numa atitude de pura audácia prendendo
entre as suas num tempo a mais do relógio.
O toque é suave e aquece ambos que estáticos se
prendem a olhar ambos o envolvimento das mãos.
A íris lança faíscas do mais puro verde, e foge
ainda sentindo a sonora gargalhada da brincadeira ousada do invasor que mais
parece um enigmático falcão.
Longe do poder do invasor o olhar respira
compassadamente, pensando agora como ir neste baile do qual não pode fugir e
como estaria fantasiado o invasor?
Mas tudo isso é algo para pensar em um outro
momento quando o tempo em sua lacuna deixar a íris viajar em mais uma aventura.
Enquanto isso o desfile da prosa e da poesia fica
no ar até o tempo certo aparecer ...
Marli Franco
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