Coletânea
Poética
10º Aniversário
do
Coletivo Cata Versos
Evento em 29 de abril de 2019
©Marli Franco. Todos os direitos estão reservados. All rights reserved. DO NOT COPY.
"A minha escrita permeia sentidos românticos,
restaura a solitude e acolhe a beleza da vida
para ser-te Poesia."
Marli Franco
Coletânea
Poética
28º Aniversário
da Sociedade dos Poetas
da Vila
Prudente
Capricho
O
meu olhar em ti é caprichoso
Quer
logo respirar o ar da sensação
O
desejo aguçado nas ondas amoroso
Que
leva nas alamedas do coração.
O
caprichoso sentimento profetiza
Aroma
de sorrisos de amor gera
Na
margem das folhas é como a brisa
Nas
tuas marcas d’agua a quimera
Nas
pegadas sutis do coração
Inusitadas
na atraente inspiração.
Os
segredos são estrelas na miragem
Iluminam
na cor da noite a criação
Que
brilha na distante paragem
O poder
absoluto da constelação.
Oh! Caprichoso desejo
Que
se esconde na alma em festejos.
Marli
Franco
Direitos Autorais Reservados®
*Fantasma
Passado é conto
Com desconto e subtração
Anula o fantasma.
Marli Franco
Direitos
Autorais Reservados®
*Tarde
Árvore carmim
Tarde secreta espalha
Conselhos da vida.
Marli Franco
Direitos
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Haikai
nº137
Espinho*
Latente espinho
Pungente
é olhar a estória
Lágrima
digna.
Marli
Franco
Direitos Autorais Reservados®
Perfume
da Noite
Quando
o mago da noite chega audacioso
Já não
sou lua e sim águas platinadas
Na
espera do teu corpo silencioso
Nas
minhas profundezas iluminadas.
Quando
descortina os desejos na natureza
No
matiz intenso resplandece a fascinação
Nas
minhas águas te recebo em nobreza
Em
sensações de nós em um só coração.
Se sou
água deslizo em teus braços
Como
as flores além dos dias raros.
Se sou
água te alcanço em um abraço
E na
noite estou em ti sem rastros,
Sou
perfume d’alma na infinitude
Em teu
ar espalho amor em plenitude.
Marli
Franco
Direitos
Autorais Reservados®
Aquarela Prateada da Alma
Quando a noite fica preguiçosa o silencio vai
se aconchegando na mansidão da alma encontro as silabas escondidas nas tintas
da aquarela.
Na hora que o céu declama e as estrelas conjugam verbos, sinto a noite vestindo-me de prata na sutileza do meu íntimo. A emoção desperta-me o olhar nas telas de algodão que criam imagens da lua, deslizando canções para enfeitar a voz do noturno.
No momento em que o tempo abre a cortina transparente do meu ser, vou
deliciosamente aquartelando-me no azul ...Recebo da lua o prateado brilhante
nos cabelos. As estrelas brincam nos meus olhos verdes e vão misturando as mesclas cinza e o azul da
serenidade. A noite silente me transporta no carrossel da brisa, vai me
elevando neste silencio abençoado quanto mais as horas se adentram nas vagas da
noite.
Em um momento destes sentires noturnos não
olho o passado, nem as lembranças, mas pouso meu sentir nas muitas inspirações
que caíram na minha alma, suspiro plena em gratidão.
A companhia da poética sempre me entrelaça, abraça como o Mestre sentinela da noite e faz sutis acalantos. Estou assim plena de paz na companhia da minha alma escrita.
Nas horas que se tornam tintas consigo ver o universo e
toda sua grandiosidade. Quando meu ser flutua nas tintas, o dom maior o Amor,
vem e me veste com seu manto adornando o pensamento com as delicadas flores da
imaginação.
O meu ser mergulha e se rende em perfumes de
lavandas no azulão da noite. Eu entendo neste momento aberto o porquê no filme as
baleias viajaram nas estrelas, como a minha gratidão viaja na direção do
Criador e torna-se intensa ocupando o
todo desta noite púrpura, a cor sutil do rio espiritual em mesclas da alegria
no meu interior.
Quando aos poucos vou suspirando pelo relógio
ingrato que desfaz das íntimas aquarelas, vou despojando-me dos fios prata dos
meus cabelos. Nas baladas do vento volto nas dobras dos lençóis, fecho as
janelas da alma esverdeando os meus olhares.
No novo dia que nasce acordo olhando o céu
azul claro as nuvens e sol majestoso em seu verão tenho a pura sensação que vou
me dourar. Olho no espelho sorridente no fundo do quarto um retrato a óleo
buscando sem entender o silencio das minhas aquarelas.
Marli
Franco
Direitos
Autorais Reservados®
Haikai
nº136
Caligrafia*
Sublime
inclina
A destreza da espada
Cursiva
é a chuva.
Marli
Franco
Direitos Autorais Reservados®
Pesquisa
‘Soneto
de Arvers’
considerado o mais belo soneto do século XIX
Poema
‘Soneto de Arvers’
original
em francês
“Mon
âme a son secret, ma vie a son mystère,
Un amour eternal en un moment conçu;
Le mal est sans espoir, aussi j’ai du le taire,
et celle qui l’a fait n’ena jamais rien su.
Hélas!
j’aurai passé près d’elle inaperçu
Toujours à ses cotes et toujours solitaire;
et j’aurai jusqu’au fait mon temps sur la terre
n’osant rien demander, et n’ayant rien reçu.
Pour
elle, quoique Dieu l’ait faite bonne et tendre,
Elle ira son chemin, distraite, et sans entendre
Ce murmure d’amour elevé sur ses pas;
à
l’austère devoir pieusement fidèle,
elle dira, lisant ces vers tout remplis d’elle,
“Quelle est donc cette femme?” et ne comprendra pas”
– Alexis-Félix
Arvers, “Mes heures perdues”. 1833.
Soneto
de Arvers
Tenho
na alma um segredo e um mistério na vida:
um amor que nasceu, eterno, num momento.
É sem remédio a dor; trago-a pois escondida,
e aquela que a causou nem sabe o meu tormento.
Por
ela hei de passar, sombra inapercebida,
sempre a seu lado, mas num triste isolamento,
e chegarei ao fim da existência esquecida
sem nada ousar pedir e sem um só lamento.
E
ela, que entanto Deus fez terna e complacente,
há de, por seu caminho, ir surda e indiferente
ao murmúrio de amor que sempre a seguirá.
A um
austero dever piedosamente presa,
ela dirá lendo estes versos, com certeza:
“Que mulher será esta? ” e não compreenderá.
–
Alexis-Félix Arvers, em “POETAS de França”. [organizada, compilada e
traduzida por Guilherme de Almeida]. edição bilíngue. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1936; 2ª ed., 1944; [apresentação de Marcelo Tápia]. São
Paulo: Editora Babel, 2011.
Biografia
Alexis-Félix
Arvers (Paris, 23 de julho de 1806 – Cézy, 7 de novembro de 1850) foi um
poeta e dramaturgo francês, que ficou mundialmente conhecido por um soneto, o
“Soneto de Arvers”, o qual inspirou diversas traduções, peças e livros
dedicados inteiramente ao seu desvendamento.
Minhas
horas perdidas (Mes heures perdues) – Publicado em 1833 e 1900. Desta obra
constavam “A Morte de Francisco I” (La mort de François), “Mais Medo que Mal”
(Plus de peur que de mal) e o famoso “Soneto de Arvers”
Referência
– 1 -
(O “Soneto de Arvers” foi escrito em 1831 e publicado em 1833 e traduzido milhares de vezes para os mais diversos idiomas, inclusive para o Esperanto. Inspirou livros e peças de teatro, que usaram o soneto como tema. É considerado o mais belo soneto do século XIX.)
Referencias -2-
No Brasil, Humberto Mello Nóbrega tornou-se especialista no assunto, com o livro "O Soneto de Arvers", onde expõe várias traduções para a língua portuguesa, inclusive destacando sátiras acerca do poema, como a de Bastos Tigre, passando por traduções de Guilherme de Almeida, Olegário Mariano, Osvaldo Orico, Edmundo Muniz, José Oiticica, J. G. de Araújo Jorge, Gondim da Fonseca, José Lino Grünewald, até Pedro A. Bettencourt Raposo, que fez 12 versões em seu livro "Sonetos", em Lisboa, no ano de 1916.
https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9lix_Arvers