"A minha escrita permeia sentidos românticos,

restaura a solitude e acolhe a beleza da vida

para ser-te Poesia."

Marli Franco


Capricho

 



Capricho

 

O meu olhar em ti é caprichoso

Quer logo respirar o ar da sensação

O desejo aguçado nas ondas amoroso

Que leva nas alamedas do coração.

 

O caprichoso sentimento profetiza

Aroma de sorrisos de amor gera

Na margem das folhas é como a brisa

Nas tuas marcas d’agua a quimera

Nas pegadas sutis do coração

Inusitadas na atraente inspiração.

 

Os segredos são estrelas na miragem

Iluminam na cor da noite a criação

Que brilha na distante paragem

O poder absoluto da constelação.

Oh!  Caprichoso desejo

Que se esconde na alma em festejos.

 

Marli Franco

Direitos Autorais Reservados®


Haikai nº139 *Fantasma

 


Haikai nº139

 *Fantasma

 

Passado é conto

Com desconto e subtração

Anula o fantasma.

 

Marli Franco

Direitos Autorais Reservados®



Haikai nº138 *Tarde

 



Haikai nº138

 *Tarde

 

Árvore carmim

Tarde secreta espalha

Conselhos da vida.

 

Marli Franco

Direitos Autorais Reservados®




Haikai nº137 Espinho*

 


Haikai nº137

 Espinho*

 

 Latente espinho

Pungente é olhar a estória

Lágrima digna.

 

Marli Franco

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Perfume da Noite


 Imagem Pinterest

Perfume da Noite

 

Quando o mago da noite chega audacioso

Já não sou lua e sim águas platinadas

Na espera do teu corpo silencioso

Nas minhas profundezas iluminadas.

 

Quando descortina os desejos na natureza

No matiz intenso resplandece a fascinação

Nas minhas águas te recebo em nobreza

Em sensações de nós em um só coração.

 

Se sou água deslizo em teus braços

Como as flores além dos dias raros.

Se sou água te alcanço em um abraço

E na noite estou em ti sem rastros,

Sou perfume d’alma na infinitude

Em teu ar espalho amor em plenitude.

Marli Franco

Direitos Autorais Reservados®




Aquarela Prateada da Alma

 

Imagem Pinterest


Aquarela Prateada da Alma

 

Quando a noite fica preguiçosa o silencio vai se aconchegando na mansidão da alma encontro as silabas escondidas nas tintas da aquarela.


Na hora que o céu declama e as estrelas conjugam verbos, sinto a noite vestindo-me de prata na sutileza do meu íntimo. A emoção desperta-me o olhar nas telas de algodão que criam imagens da lua, deslizando canções para enfeitar a voz do noturno. 


No momento em que o tempo   abre a cortina transparente do meu ser, vou deliciosamente aquartelando-me no azul ...Recebo da lua o prateado brilhante nos cabelos. As estrelas brincam nos meus olhos verdes e vão   misturando as mesclas cinza e o azul da serenidade. A noite silente me transporta no carrossel da brisa, vai me elevando neste silencio abençoado quanto mais as horas se adentram nas vagas da noite.


Em um momento destes sentires noturnos não olho o passado, nem as lembranças, mas pouso meu sentir nas muitas inspirações que caíram na minha alma, suspiro plena em gratidão.

A companhia da poética sempre me entrelaça, abraça como o Mestre sentinela da noite e faz sutis acalantos. Estou assim plena de paz na companhia da minha alma escrita.


Nas horas que   se tornam tintas consigo ver o universo e toda sua grandiosidade. Quando meu ser flutua nas tintas, o dom maior o Amor, vem e me veste com seu manto adornando o pensamento com as delicadas flores da imaginação.


O meu ser mergulha e se rende em perfumes de lavandas no azulão da noite. Eu entendo neste momento aberto o porquê no filme as baleias viajaram nas estrelas, como a minha gratidão viaja na direção do Criador e torna-se intensa ocupando   o todo desta noite púrpura, a cor sutil do rio espiritual em mesclas da alegria no meu interior.


Quando aos poucos vou suspirando pelo relógio ingrato que desfaz das íntimas aquarelas, vou despojando-me dos fios prata dos meus cabelos. Nas baladas do vento volto nas dobras dos lençóis, fecho as janelas da alma esverdeando os meus olhares.


No novo dia que nasce acordo olhando o céu azul claro as nuvens e sol majestoso em seu verão tenho a pura sensação que vou me dourar. Olho no espelho sorridente no fundo do quarto um retrato a óleo buscando sem entender o silencio das minhas aquarelas.

Marli Franco

Direitos Autorais Reservados®









Haikai nº136 Caligrafia*


 

Haikai nº136

 Caligrafia*

 

Sublime inclina

 A destreza da espada

Cursiva é a chuva.


Marli Franco

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‘ Pesquisa -‘Soneto de Arvers’ - "Grandes Mestres"







Alexis-Félix Arvers





Pesquisa

‘Soneto de Arvers’

considerado o mais belo soneto do século XIX

Poema ‘Soneto de Arvers’

original em francês

 

“Mon âme a son secret, ma vie a son mystère,
Un amour eternal en un moment conçu;
Le mal est sans espoir, aussi j’ai du le taire,
et celle qui l’a fait n’ena jamais rien su.

 

Hélas! j’aurai passé près d’elle inaperçu
Toujours à ses cotes et toujours solitaire;
et j’aurai jusqu’au fait mon temps sur la terre
n’osant rien demander, et n’ayant rien reçu.

 

Pour elle, quoique Dieu l’ait faite bonne et tendre,
Elle ira son chemin, distraite, et sans entendre
Ce murmure d’amour elevé sur ses pas;

 

à l’austère devoir pieusement fidèle,
elle dira, lisant ces vers tout remplis d’elle,
“Quelle est donc cette femme?” et ne comprendra pas”

– Alexis-Félix Arvers, “Mes heures perdues”. 1833.

Soneto de Arvers


Tenho na alma um segredo e um mistério na vida:
um amor que nasceu, eterno, num momento.
É sem remédio a dor; trago-a pois escondida,
e aquela que a causou nem sabe o meu tormento.

 

Por ela hei de passar, sombra inapercebida,
sempre a seu lado, mas num triste isolamento,
e chegarei ao fim da existência esquecida
sem nada ousar pedir e sem um só lamento.

 

E ela, que entanto Deus fez terna e complacente,
há de, por seu caminho, ir surda e indiferente
ao murmúrio de amor que sempre a seguirá.

 

A um austero dever piedosamente presa,
ela dirá lendo estes versos, com certeza:
“Que mulher será esta? ” e não compreenderá.

 


– Alexis-Félix Arvers, em “POETAS de França”. [organizada, compilada e traduzida por Guilherme de Almeida]. edição bilíngue. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1936; 2ª ed., 1944; [apresentação de Marcelo Tápia]. São Paulo: Editora Babel, 2011. 

Biografia

 

Alexis-Félix Arvers (Paris, 23 de julho de 1806 – Cézy, 7 de novembro de 1850) foi um poeta e dramaturgo francês, que ficou mundialmente conhecido por um soneto, o “Soneto de Arvers”, o qual inspirou diversas traduções, peças e livros dedicados inteiramente ao seu desvendamento.

 

Minhas horas perdidas (Mes heures perdues) – Publicado em 1833 e 1900. Desta obra constavam “A Morte de Francisco I” (La mort de François), “Mais Medo que Mal” (Plus de peur que de mal) e o famoso “Soneto de Arvers”

 

Referência – 1 -

(O “Soneto de Arvers” foi escrito em 1831 e publicado em 1833 e traduzido milhares de vezes para os mais diversos idiomas, inclusive para o Esperanto. Inspirou livros e peças de teatro, que usaram o soneto como tema. É considerado o mais belo soneto do século XIX.) 

https://www.revistaprosaversoearte.com/soneto-de-arvers-considerado-o-mais-belo-soneto-do-seculo-xix/

Referencias -2-

 

No Brasil, Humberto Mello Nóbrega tornou-se especialista no assunto, com o livro "O Soneto de Arvers", onde expõe várias traduções para a língua portuguesa, inclusive destacando sátiras acerca do poema, como a de Bastos Tigre, passando por traduções de Guilherme de AlmeidaOlegário MarianoOsvaldo OricoEdmundo MunizJosé OiticicaJ. G. de Araújo JorgeGondim da FonsecaJosé Lino Grünewald, até Pedro A. Bettencourt Raposo, que fez 12 versões em seu livro "Sonetos", em Lisboa, no ano de 1916.

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9lix_Arvers