Solo
Meu Violoncelo
Na
sala da criação empoeirada
A cortina
dos moinhos de vento é pautada
Alisa
corpo do cavaleiro andante no drama
A sonoridade
expressiva na cena é chama.
O
vento entra e toca a translúcida poeira,
Abraça
o sonho e meu perfume respira.
Na revolução
cata-ventos o cello é maestro,
O
orquestral é capaz de dar toda emoção
Do melancólico
ao dramático voa o coração.
As
cortinas dançam leve no arco e acorda
Na
obra maravilhosa que seduz nas cordas.
O
som do cello, Bach suíte n°1, na paz elejo
O
meu interior em sintonia com meu desejo.
Evoquei
o cello e no arco eu supliquei
Na doce pose abracei as ilusões me afoguei,
Na vibração
do coração, no tempo perfeito.
A
lembrança sucumbe no doce arco deleito.
E no
concerto absorvo a plenitude,
Na
extraordinária união da completude.
No
palco do cello a projeção sonora pura
O
maestro eleva nas nuvens a partitura.
O
vento se descontrola no fim do concerto
A
minha alma pausa na paz da recordação
Do instrumento
musical da vida e paixão
Nunca
esquecida, o conservatório e o elo
As
aulas emocionantes do violoncelo.
O
vento silencia a cortina com beijo belo
As
minhas mãos me acordam sem o cello
E
sem as teclas do piano que enciumado
Adentra
na minha alma assinalando
Nas
pontas dos dedos a dança da saudade.
Marli
Franco
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