"A minha escrita permeia sentidos românticos,

restaura a solitude e acolhe a beleza da vida

para ser-te Poesia."

Marli Franco


Abraço Almíscar


Abraço Almíscar



O meu eu reclama novamente, assim nesta ausência de movimentos padecendo neste perambular sem ângulos.

Preciso do ar da tua brisa que me faz ficar em paz em sintonia no universo, preciso te respirar para sentir a voz de dentro de mim.

Preciso do calor do teu beijo que bebo como vinho em dias distantes, esquecendo o frio que cobre nesta sinfonia tão fora do meu tom.

Estranho estou mais em fragmentos hoje, fractais de mim mesma vacilando sem compasso e sem rumo, é culpa desta música que me ataca sem aviso complicando meu abrigo no abismo do meu pungente sentir.

Olho no horizonte o rio da minha vontade e nada vêem, estranhos nem o tom do horizonte cai na minha tela, parece esconder-se nesta maleta do insondável mutismo do meu suspiro ato irrelevante do meu querer.
A cor do horizonte tinge só a água do meu olhar, o verde se torna mesclado em cinzas são as notas do violino caindo dentro do meu olhar em gotas de melancolia...
Preciso tomar o champanhe de Vivaldi antes que a noite se apague e meu corpo se faça ausente de véus nesta transparência de estrelas da minha alma.
A lua se faz cúmplice e me apronta para ver a tua constelação, é sempre assim antes de chegar na linha do portal, um vagar desnorteado como feixes de luz desencontrados, mas quando o tom de Vivaldi se aperta em mim, então o meu ser sabe que o teu querer é também como o meu afinado bem na linha do tom do violino a correr como gotas de chuvas em primaveras a enternecer.
O meu ser pede ajuda, a lua me veste em tempo de uma clave, um giro dentro de mim, o olhar já não é mais cinza o horizonte faz a saturação perfeita sou passos em perfume para colidir na esfera do teu abraço almíscar.



Marli Franco
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