"A minha escrita permeia sentidos românticos,

restaura a solitude e acolhe a beleza da vida

para ser-te Poesia."

Marli Franco


Demandas de Ouro


Demandas de Ouro

Recanto 10/11/2009

 

Andei com veste helênica no oráculo de Delfos, contagia...

Como vestal recebi a liberdade na luz da filosofia

Fui passear na inscrição dos “Sete Sábios”, ao acaso

E então ler as demandas de ouro no sopé do Parnaso.

 

 

No círculo de harmonia a voz do delfo, instiga profecia

Tentei fugir, mas ele tem feitiços nas mãos de magia

Na minha herança celta só restou um segredo a esconder...

Com a unção senti o calor de um sonho sem perceber...

 

 

Com os pecados revivi os meus tesouros no beiral

Pedi acesso aos pergaminhos do acervo na arte real

No muro das inscrições encontrei a pureza da poesia.

 

 

O delfo assim me encantou e coloriu-me de quimera

Vi o presságio da inspiração com olivais de primavera

Etérea dei-te um beijo de ambrosia quando a noite caia...

 

Marli Franco

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Haikai n°158 *Bambu

 




Haikai n°158

 

*Bambu

 

Formoso o bambu

Dança revoada do verde

Canto dos ventos.

 

Marli Franco

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Haikai n°157 *Mirra


 Haikai n°157

 

*Mirra

Escuto o vento

Pousa as folhas da mirra

Perfuma o jardim.

 

Marli Franco

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Pensamentos -- Ouvi um Desejo...






Pensamentos


Ouvi o desejo...

Do pinheiro com a longevidade 

sem cansaço soube que bela ao longe

 é a vida nos aprendizados do passado.




Ouvi o desejo...

Do bambu com a resiliência 

e aprendi 

que  nas adversidades 

o aprendizado se torna mais e mais apurado,

 assim se evapora os cálices dos queixumes.



Ouvi o desejo...

Da ameixeira com a vitalidade aprendi

 que sentir a vida é respirar

 o perfume que voa no ar



O cosmo perfuma nossa alma,

 tirando-nos da inconsequência desequilibrada

 e nos aprumando na harmonia, 

assim no equilíbrio da natureza 

  surge a sabedoria

   com ela o elixir da vitalidade.


Marli Franco

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II Poema


 

II Poema 

Recanto ... 07/10/2009

 

Mundo de uma inegável atração que assim és...

Deito-me em teu peito escorregando aos teus pés.

Quando tua palavra me traz arrastada até tua boca,

Explodindo um beijo de rimas de pura devassidão

Então descubro, toda reação e a melodia da questão...

 

 

Poema...

Que está na razão da substância indestrutível

Uma quântica nobre, sensitiva e irreprimível...

Voz do âmago da extenuante sublimação,

Força abstrata da razão em pleno desígnio

Fluidos da impressão viva, o desmedido fascínio...

 

 

Poema...

Uma visão onírica perfeita, incontida...

Oráculo da Iluminação, estilo de vida

Nas sílabas pagãs, penitentes e sacrossantas.

Rosário da palavra, o candeeiro no corpo submerso,

Abençoado alaúde, a ação transmutada no verso...


Marli Franco

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Os Animais





Os Animais 

Usina de Letras *15/10/2001

 

Nos cantos da consciência racional
Aglomera a insanidade da transição
Que proclamam as mudanças aos brados
A nova temeridade universal.


Isola os bons momentos escassos de sorrisos
Nos homens que buscam os grandes tormentos
Conduzindo aos caminhos amargos e frios
Da insensatez infeliz da humanidade.


Nas mentes apertadas dos seres perdidos
Nos momentos tão evoluídos conquistados
Gera na terra tanta racionalidade vazia.


A esfera azul do universo hoje chora
A mentalidade humana se estreita
Os animais superam os racionais
.


Marli Franco

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Era uma vez uma lenda... O Sultão e a Ave


 


Era uma vez uma lenda... O Sultão e a Ave

Recanto ...19/07/2009

 

 

Um sultão que criava aves com dedos hábeis e com leveza de quem sabe lidar com a nobreza dos seres delicados. Para tudo tinha ele um trato, com sua perícia e vasta filosofia era mestre na arte ao reverenciar as aves.

 Nada ele dizia ao acaso para elas, tudo era falado com fino trato...


Havia uma dentre as aves, no reino do sultão que das tuas mãos não saia. Era ela o tempo todo a ave escolhida, pois ele havia sonhado por anos e a encontrado sem esperar, numa simples noite quando saiu para caçar.

As plumagens eram da cor do marfim, no entanto quando ela voava suas penas brilhavam na luz do sol ou do luar, dando nuances furta-cor e um brilho inigualável.

 

O sultão quando encontrou pensou que ela não passaria daquele momento, sua fragilidade tinha atingido o ponto máximo, com uma delicadeza infinita levou para o palácio e ali cuidou dela descobrindo que na verdade era mesmo uma nobre no reino das aves, era ela um cisne aperolado.

Descobriu que ela estava assim desfalecida na floresta por causa da perda do seu par. E este fato levou-a chorar tanto que sua força tinha ido, no local onde suas lágrimas caíram na relva nasciam violetas de muitas cores que a protegiam, até sua chegada.

 

O sultão depois de vê-la se recuperar, conseguiu pequenos risos dela tirar, nestes instantes cada uma das suas penas com cores reluzia mesclando tudo à volta, pois sua áurea colorida transpunha alegria a quem ali estava.

Descobriu ele vários detalhes, ela muitas vezes silenciosa ficava olhando o horizonte, depois voava até o lago e lá esperava olhando o céu à chegada da constelação de Órion.

Um dia ele resolveu que a esperaria e uma poesia para ela declamaria, um poema seu para ela com todo o coração.

 

E assim ele fez, esperou sua volta do lago descobriu que vinha com lágrimas nas penas, chamou e pediu para ser acompanhado, ela sorriu e o seguiu. Quando lá chegou ele levou para seu jardim privado pela primeira vez mostrado para alguém. Ela se encantou abriu suas asas e em plenos círculos voou sorrindo e reluzindo em cada folha que passava, até que no chafariz pousou colorindo as águas de mil cores.

 

Ele então a chamou no banco do jardim se sentou e para ela declamou seu amor. O seu sentimento era tão puro e os versos tão verdadeiros que em cada palavra que de seus lábios saia, algo mudava... Então até que no final da última estrofe, de cisne nobre em uma dama ela tinha se transformado.

 

O sultão sem entender a magia que tentava compreender, nem ousava falar e a cisne se olhava e tudo voltava fazer parte da realidade.

Sorriu ela para o sultão e para os seus braços correu, beijando-lhe a face agradecia o milagre que ele havia conseguido.

Depois do susto, a fala do sultão voltou e lhe pediu uma explicação:

Então ela começou a revelar sua estória.

 

Ela vinha de um reino antigo, onde um feiticeiro tinha sua vida transformado, ao ver seu amor pelo rei do condado.

 Em cisnes foram os dois confinados e no lago aprisionado.

Mas suas vidas tão belas e cheia de amor continuaram até o feiticeiro descobrir e matar seu amado.

 Uma noite o feiticeiro a viu sozinha e foi então que um relâmpago agoniado da constelação do cisne escapou e com em sua vida de feiticeiro malvado deu um final.

 

A amar assim ela continuou dias e dias seu amado na constelação do céu formada pelas estrelas em cisne e ela no lago ao céu olhando e amando...

O seu amado para ela só bem queria. Se um dia alguém surgisse para fazê-la feliz ele através do relâmpago que conseguiu captar a magia do feiticeiro poderia transformar sua amada em mulher novamente. Enquanto ele continuaria seu eterno cisne a protegê-la lá do céu.

O sultão embevecido com sua estória a tomou nos braços e embalou, dizendo que ela seria para sempre sua rainha e sua amada viveriam felizes já que o destino e a constelação do Cisne novamente davam a oportunidade de uma nova estória continuar.

Marli Franco

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Carta de Amor - Uma Folha de Porcelana


 

Carta de Amor -

Uma Folha de Porcelana

 

Eu pensei que teria muitos quilômetros de amor...

As estradas foram curtas entre nós o céu decidiu, talvez o nosso amor seja celebrado na eternidade.

As flores florescem sempre, o vento pausa meu sentido da realidade, as horas passam e quando voltam nascem com outros ventos em movimentos. Hoje sigo   como as águas do rio olhando os dias e as noites nascerem e renascerem nas impressões da minha escrita.

Pensei que nossa estória seria repleta de anos... Eu imaginei que a lua contaria muitas estórias do nosso amor... Sonhei que chegaríamos comemorar as bodas de prata, de ouro e até diamante, sonhei... Um rumo tão curto na nossa estória, quebrou- se tudo como uma folha de porcelana, suspensa em um perfume de mirra. Eu mantenho vivo nossos olhares nas nuvens do céu, a nossa estória encontra a paz na inocência dos sentimentos vividos na terna primavera.

O meu mundo girou entre as alamedas de azaléas do passado e do presente, a dualidade deste relógio só permitiu o canto solitário das paragens da vida, a opção refletida e consciente como uma promessa pintada em folhas poéticas debulhando uma a uma formando as pétalas da minha estrada.

O passado se converteu em muitas folhas de poemas, o presente deixou as lágrimas nos rios seguindo o curso normal da vida, o futuro se tornou um espelho amplamente analisado no presente antes de qualquer passo para seguir cada caminho apresentado.

 

No agora já não conto as linhas da poesia elas contam para minha alma a verdade do Amor sem ilusões, mas pleno no canto dos rouxinóis e nos quilômetros das linhas das folhas onde a vida se fez pulsar no papel.

No final concluo nossos sentires ainda pulsam com a aurora despontando ou o crepúsculo chegando mostrando que   na luz somos parte do caminho Maior... O Amor.

 

Marli Franco

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