O Olhar e a Sala
Capítulo IX - Veredicto
Final
A sala foi surpreendida em uma manhã ensolarada
daquelas que o vento chega fazendo festa nas rodas da cortina, algo prometia
logo mais, com certeza...
Era o Invasor apressando o passo no corredor e
entrando na sala agitado com seu laptop escorregando sobre a mesa, sua pasta e
seus muitos papéis de catedrático.
O peito arfava com algo em seu íntimo que acusava
alguma decisão estava acertada. Ajeitou a cadeira, foi até a janela só para se
acalmar, pois seu interior explodia...Ela a Íris o tinha levado à loucura com
sua ausência proposital, com seus passos leves voltando no corredor; com suas
indecisões cada vez mais temerosas, fazendo –o voltar às viagens coberto com o
manto que ela usava de dúvidas; fazendo-o perder o gosto pela aventura, já que
seu pensamento parecia colado ao seu nome.
Mas agora o limite tinha chegado...A decisão estava
tomada e não era mais dela era só dele. tempo havia determinado o desfecho que
ele queria, tinha sido seu copiloto nas artimanhas da vida.
Era só aguardar a chegada da Íris, pois ela viria,
sentia dentro de si sua aproximação e tudo seria cobrado com juros acumulados,
nesta ausência que o deixara com os nervos à flor da pele, a saudade queimando
dentro de si e seu coração se rendendo em todas as lembranças dos encantos de
um beijo, tudo seria cobrado sem piedade...
A sala tudo observava, sentia na mesa a fúria no
teclado se agitando sob os dedos do Invasor, a prosa pulsava em sua mão e
tomava vida no texto que assumia todas as linhas da estória e a poesia...
Ah! A poesia se aproximava no corredor com a
suavidade e a temeridade de quem sabe que será subjugada, que antes de ser
escutada o Invasor já falaria seu veredicto no desfecho desta estória de apenas
nove capítulos.
E foi com este passo que a Íris abriu a porta
fazendo o Invasor ficar surpreendido apenas em um minuto, com sua imagem e seu
olhar de tom mais acentuado como as águas de um rio que cobria os do Invasor,
tão negros como a noite, tão intensos como os seus mistérios.
Um segundo apenas bastou para a Íris sentir-se
puxada em um abraço inesperado, que em seguida sem uma única palavra foi
raptada por um beijo intenso sem meios ensaios, um beijo que trazia toda
volúpia que a emoção consegue arremessar os amantes em uma entrega total e sem
volta...
Não havia mais nada a fazer, só se render ao
Invasor nesta ânsia e neste desejo abrasador que lhe consumia o ar, não havia
mais volta, a entrega era total seus braços entrelaçados em abraços
apertavam-se concordando com todos os sonhos mais loucos, tornando realidade todas
as esperanças, mostrando que não haveria mais esperas. A decisão era esta, o
jogo terminara sem vencedores apenas com a rendição da paixão de ambos e foi
neste clima que uma única frase foi emitida, apenas para respirar o auge da posse.
Quando o Invasor sussurra:
--Poesia, você é e será, sempre minha...
Então a Íris busca os seus lábios para jogar beijos
de aceitação onde deposita os encantos das suas estrofes sob os lábios em Prosa
do Invasor.
E assim silencia o vento nas rodas da cortina,
aquece o sol pela fresta a sala, enquanto a Prosa e o Poema se amam
intensamente nos quadrantes do tapete, sob o olhar cúmplice da arca que
sorrindo sabe mais uma estória de amor seria fechada e guardada em suas gavetas
no meio dos guardanapos de branco linho.
A Íris e o Invasor se transformam em Prosa e Poema
e caminham sem pressa nos laços de abraços na mesma inspiração que só uma
paixão tem o dom de criar e na escrita perpetuar.
Se o Invasor no início dos capítulos era amante da prosa hoje tem como melodia som da poesia e se a Íris era apenas versos hoje possui descontraída nas mãos as linhas da prosa para navegar além das estrofes.
Invade a prosa no poema
Sem aviso penetra nos versos
Faz acordes de rimas esquecidas
Tece abraços nas janelas dos parágrafos
Entrega-se o texto nas reticências...
Apaixona-se pelo encanto nas entrelinhas
Nas paralelas da liberdade esconde a métrica
Mas não perde a melodia de amar a poesia.
Sem perceber ambos se completam
Nas mesmas linhas, nos mesmos parágrafos.
Juntos possuem os mesmos pontos
Em seus corpos os mesmos sonhos.
Então se encerra uma só conclusão
Na arte da escrita a estrada se veste
Ora de prosa ora de poesia para expandir
A inspiração na arte do amor na criação.
Fim
Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®
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