O Olhar e a Sala
Capítulo VII - A Fuga
A sala ainda sente a agitação das emoções da noite
anterior. Apesar de vazia aguardando o regresso dos personagens principais, o
clima ainda tem o aroma do amor.
O dia raiou sonolento, o sol esbanja preguiça na
cortina que desliza nas mãos do vento, um triângulo prefeito.
No corredor lá fora surgem os passos, como sempre
apressados com tempo do refúgio.
A íris adentra na sala e se surpreende com o vazio.
O calor anterior parece que fugiu da sala, junto com o laptop e toda
parafernália do dono. O invasor foi embora, não havia necessidade de palavras,
nenhum bilhete, nada apenas o vazio recheado com o silencio da sala.
A íris toca os lábios, ainda sente o calor do beijo
roubado vindo de um castigo doce e inesquecível. As emoções ainda agitam o
corpo só de lembrar, o invasor fugiu com certeza com medo desta emoção
incrível.
O momento foi intenso, o beijo foi além dos toques
dos lábios, o corpo entrou em um fremir da paixão carregando sonhos, desejos
incontidos, a libido desmedida. Assim o invasor no meio desta confusão de
emoções fugiu...
Com estes pensamentos a íris envolvida pela
quietude da sala se põe a escrever.
A falta do invasor é imensa, resolve ir até a arca
e colocar uma música, sim só desta maneira consegue sentir sua presença. Agora
conseguiria ir voar em suas páginas com o sabor do som que lhe invade a alma.
A sala assiste simplesmente tudo, a mesa sabe como
pulsa as mãos da íris. O tapete sente os pés agitarem-se embaixo da mesa. Sabe
que logo a íris vai voar sem o invasor...
E isso acontece rápido, ela se levanta, pois não aguenta
a ausência da sala, tem que fugir também, pois o coração soluça no desejo não
atendido.
Assim desliga o som e sai da sala deixando a plateia
com a cena pela metade nesta manhã ensolarada...
Marli
Franco
Direitos Autorais Reservados®
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