Cotidiano do Piano e o
Sol
Nas teclas do meu piano, o
som desliza, espalhando a sinfonia do coração.
A música é reflexo do sol
interno na manhã imperfeita.
O aroma do café espalha-se
nas horas atrasadas; enquanto a arrumação da mesa acerta os ponteiros, de forma
que o atraso se afogue no sabor do pão fresco, na mesa enfim posta.
As manhãs são como o sol
avisando a chegada, com seu calor fazendo estardalhaço nos lençóis.
Lembram as flores com a
chegada do sol se abrindo, como sorrisos perfumados de alegrias.
As manhãs são assim,
recheadas de músicas, aromas e a luz perfeita do sol.
No clima das manhãs, vêm as
lembranças das primaveras que vivemos, um filme distante que afaga a memória
saudosa.
As ilusões eram tão doces
como ambrosias, acompanhavam os gerânios na janela, dançando nas passagens do
vento.
E eu e você éramos mãos
dadas nos bons tempos, um retrato perfeito para saudade.
O amor é luz infinita!
Um laço eterno que faz a
luz do olhar ajudar na jornada a ser como um vinho apurado. Quanto mais o tempo
passa, mais bela a recordação, enriquecida pela nostalgia.
Os sentimentos, nesta hora,
são como flores se abrindo, deslumbradas com a exuberância do sol de amor que
ainda nos envolve.
A vida, nestes momentos, é
um seriado impecável que nos prende a atenção, fazendo-nos ignorar o tempo.
Mas então, o sol lá fora
acorda-nos, alertando para o tempo real.
O piano ainda está lá,
tocando, fazendo um suspiro com minha alma.
O tempo é rápido em suas
janelas, clareando a vida.
O café da manhã já se
finda, avisando as tarefas corriqueiras esperando pela sequência do dia.
O piano se cala para um
outro som, o som do vento no jardim; as flores já avisam um pedido silencioso
da necessária água em suas raízes.
O dia vai assim, sorrindo
nas dobras alaranjadas do sol, se deliciando com os murmúrios das vidas que se
espalham na vila.
Marli Franco
Direitos Autorais
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