O Chão
O Chão firme e estável,
seguro e altamente sustentável olhava o azul acima com suas nuvens mudando
lentamente suas nuances.
No azul o vento também
brincava, com as nuvens movimentando seus flocos sem se importar com espaços ou
tempos.
O Chão seguia olhando tudo,
parado em todo teu vasto território, seguia só olhando os movimentos de tons
que no céu se alternavam paulatinamente.
O tempo estava falando,
bastava observar, o Chão sabia que algo estava por vir...Não havia dúvida sua
longa existência já acumulavam experiências, ela estava para chegar e ele tinha
certeza de como seria sua aparição.
O tempo de espera tinha
já se alongado de mais, ele sentia saudades do seu frescor, das suas límpidas
faces escorregando em seu corpo.
A espera tornava mais
pungente o desejo do regresso, palpitava o coração do chão seco e indomável fazia
já tanto tempo...
No momento seu olhar
voltou para o azul e ao navegar com suas lembranças, havia esquecido de olhar e
gravar os detalhes da chegada da amada. O seu vestido seria longo, tanto quanto
o tempo da sua ausência, ele esperava que a estadia em seu corpo não fosse
breve para regozijar longas lembranças no futuro.
Ao som de um raio que o
mundo estremece o céu já não era mais azul e o vento moveu tudo para o
acinzentado ela estava chegando... A sua espera dava para sentir no suspirar da
terra, nas aves procurando os ninhos, nas árvores com suas folhas fazendo
danças e algazarras com o vento, ela estava chegando...
O Chão olhou mais uma
vez para o céu com seus olhos âmbar, extasiou-se, pois neste exato momento ela surgiu
transparente ...
Ela finalmente apareceu.
Reluzindo nos últimos
raios de luz, veio caindo mansamente como um beijo suave experimentando
sentimentos, saboreando a descida. Com olhar instigante fixava seus olhos
no chão, sem desvio mostrando que não ia parar tinha chegado para amar e
fertilizar a vida.
O chão não respirou,
parou deslumbrado com o vestido translucido de águas claras que foram aventurando
e se desnudando sobre seu peito, tornando-o cativo. E assim ela foi inundada
com suas águas, fazendo seu território vasto ficar todo vivo, pulsante
inebriado, bêbado da pureza que dela devastava suas entranhas.
Na vida o chão era
sempre firme e seguro, mas quando ela chegava suas máximas ficavam sendo macio
e friável, o amor fazia isso antes de fertilizar o tornava vulnerável, entregue
aos caprichos indomáveis que ela assim vinha para recriar.
O tempo se fez belo em
toda sua natureza, o chão se entregou amante em todo seu esplendor, se expôs
sem limites para ela a bela, a Chuva, que hidrata alma de todo planeta.
No final a chuva passou
deixando seu perfume no chão, no ar o frescor da vida até um próximo tempo suas
lembranças ficam desabrochando no planeta.
Marli Franco
Direitos Autorais Reservados®
Muito criativo o seu conto da Terra à espera da Chuva benfazeja!!
ResponderExcluirAdorei, Marli!! Parabéns pelo conto e pelas ilustração!
Paz e bem!
Beijos