"A minha escrita permeia sentidos românticos,

restaura a solitude e acolhe a beleza da vida

para ser-te Poesia."

Marli Franco


As Letras - Acervo da Usina de Letras –

 



As Letras

Acervo da Usina de Letras –

25/08/2002 - 15:31 (Marli Franco)

 

O dia é frio, daqueles que bate no rosto o vento gelado.
O coração aperta mais fundo nestes tempos acinzentados, o olhar se deita no vazio em um mergulho sem direção.

A escrita nestes dias tenta fluir no meio dos contratempos. Mas o vazio bloqueia o desejo, talvez a falta da ilusão, talvez seja o sonho enfraquecido.
Escrever é um ato de companheirismo, é daquelas amizades infinitas que não conhecem a grafia do abandono.
Um correr manso de mãos dadas em qualquer hora do dia ou da noite.

Escrever é sempre sentir o encanto, ter nas letras o compasso ainda que enfraquecido das rimas coladas na vida , da ilusão que enfeitiça .
O dia continua com sua pintura nublada, o vazio está marcando sua presença com letras desprovidas de adornos, caminhando em passo lento, amarradas pelo cotidiano apressado .

As letras são contínuas saem afogueadas, rolam em mergulhos inconsistentes, desencadeando pensamentos turbulentas.
Em outras vezes mergulham desprovidas de sustentação em profundezas inusitadas adversas ao mundo da lógica .
Existem linhas que são grandes barcos levam as letras em meio às ondas bravias que se exasperam em paixões ,ou ainda parágrafos das marés em volúpia rosada, arrebatadas ao covil dos contos.

Em outras as linhas tornam-se apenas as jangadas que conduzem as letras , navegam nas calmarias das espumas flutuantes, dos amores platônicos em versos de olhares lânguidos e estrofes de beijos furtivos.

As letras invariavelmente desfilam nas linhas mais extensas como a melhor companhia nesta solidão simples da vida.

Marli Franco

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